Só temos três certezas nessa vida: alguma coisa, os impostos e a morte. Nunca conseguiremos escapar de nenhuma delas. Mas dentre elas, a morte é que nos deixa mais atormentados, irritados, e ao mesmo tempo curiosos, intrigados. Quando somos obrigados a enterrar alguém que amamos, ela é capaz de despertar os nossos piores sentimentos. Tristeza, raiva, indignação, revolta. Cada tristeza, cada emoção por vez. E cada mudança no estado de espírito é como um tiro que acerta bem em cheio o nosso coração; uma cutucada numa ferida ainda aberta que nunca se cicatrizará. Perdemos o chão, pois nada conseguirá nos apoiar. Nem mesmo Deus. Aliás, é nesse momento que compramos uma briga feia com Ele. Cobramos respostas, explicações, uma simples razão, mas parece que Ele não nos ouve (ou nós deixamos de ouvi-Lo, vai saber...) e simplesmente nos ignora, nos deixa procurar uma explicação – com o fim de consolo que nunca aparece - completamente sozinhos. O que fazer? O que pensar? Como simplesmente aceitar e seguir em frente? Por que o Senhor levou essa pessoa que amamos tanto e era tão feliz? Ela era tão legal a ponto do Senhor a querer perto de Ti? E os afazeres incompletos que ela deixou aqui? E as pessoas que ela ainda tinha que cuidar, que amar?, como é que ficam? Disso nós sabemos. Quando alguém se vai, quem fica sofre mais. Sofre muito. Depois de algum muito tempo pode até aceitar a morte do seu querido, mas se conformar jamais. Esquecer jamais. Deixar de amar jamais. É triste saber que você vai envelhecer, vai continuar vivendo e quem você amou demais um dia parou no tempo, terá para sempre a mesma idade. Você é obrigado a deixá-la e precisa continuar sem ela. É obrigado a viver com uma parte do coração faltando. E esta nunca poderá ser meramente substituída, pois era uma parte destinada especialmente para essa pessoa que já não está mais entre nós e mais ninguém no mundo inteiro vai conseguir repor. Precisamos aprender a viver com um vazio e, eu te juro, não é nada fácil. Nada compreensível. Nada racional.
Afinal, como é possível respirar sem a pessoa que mantinha o ar em seus pulmões?
quarta-feira, 7 de julho de 2010
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